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11 de dezembro de 2021
Noites Sonoras: O grave bate e a noite escura ajuda
O grave batendo e a noite escura (com vista privilegiada do Rio Vermelho) ajudaram a compor a primeira edição das Noites Sonoras, assinado por Amores Sonoros e Marcela Silva nesta sexta-feira, 10, na Hidden Salvador. Mas sabe aquele frio na barriga do primeiro encontro? Foi esse sentimento que dominou o evento, que proporcionou que Melly, Rachel Reis, Iuna Falcão e o próprio Amores Sonoros, projeto dedicado a música preta brasileira, se conectassem com um público pulsante e querendo viver os primeiros momentos de uma retomada cultural na capital baiana.

Ana GB e Gustavo Alves do Amores Sonoros
A produtora e uma das criadoras do Amores Sonoros, Ana GB, apesar de estar nos jobs desde o início da flexibilização dos protocolos contra o coronavírus, confessa ainda estar se acostumando com o momento.
“A gente entende a importância dos cuidados e todos os eventos que tenho feito nessa retomada é cobrada a carteira de vacinação, acho que é uma forma de educar esse novo público, além de uma forma de protesto, pois a gente precisa se proteger. Assim, a gente acaba selecionando esse público mais consciente com as políticas e isso tem muito a ver com o que eu acredito como produtora que é no poder das políticas públicas e aí é muito importante voltar com esse público mais jovem, que tá chegando agora e também de artistas que começaram a lançar seus trabalhos na pandemia. Então estamos buscando trazer pro ao vivo essa galera, é o primeiro encontro de muitos que vão vir”.
Também uma das cabeças pensantes do projeto, Gustavo Alves explica que inicialmente pretendiam falar apenas de love songs, mas perceberam logo que era preciso contemplar todos os tipos e gêneros musicais na empreitada.
“Entendemos que a cena independente é grandiosa, só que não é vista, principalmente sendo artistas daqui, falando de nordeste, falando de artistas fora do eixo Rio x São Paulo, é uma cena invisibilizada. Quando trouxemos recentemente o manifesto do Amores Sonoros que a gente tá de fato, querendo uma revolução sonora, é sobre isso, a gente quer colocar a cena independente em outra dimensão. Estou muito orgulhoso de ver tudo que está acontecendo, de estar ocupando esse espaço com pessoas pretas. Acho que a Noite Sonoras é isso: conexões, troca de afeto. Chico César já nos disse: O amor é um ato revolucionário. Então, que revolucionemos através do Amores Sonoros, a gente tá aqui fazendo jus a isso”.
“Deixa tudo passar que eu passo aí”

Rachel Reis
Sua música circulou tanto pelas plataformas de stream e redes sociais que chegou a integrar listas de indicações de grandes artistas consolidados nacionalmente, como a atriz Thaís Araújo e a cantora Céu, mas Rachel Reis ainda não tinha se dado conta que tinha “estourado”. Bastou a primeira música já lançada para que o público presente fizesse questão de mostrar que sabia as letras inteiras, foi assim com “Saudade”, “20h” e claro, “Maresia”.
“Rapaz, é muito estranho, eu tinha parado de fazer barzinho durante um tempo e fui estudar, um pouco antes da pandemia lancei duas autorais e logo em seguida a pandemia veio. Então eu não tive contato com muitas pessoas, fiz o EP dentro deste processo de pandemia. Eu já era caseira, não era de sair, então começar a fazer shows agora e me deparar com as pessoas cantando as músicas é muito maluco pra mim, mas eu estou gostando”.
“É mais barril do que você esperava”

Melly
Melly estava em Natal (RN) quando a pandemia começou e com o ensino remoto da sua faculdade de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, voltou para Salvador ficar com a família. Passou então a pesquisar artistas e produtores baianos com quem pudesse continuar a trabalhar na música e assim surgiu a parceria com o DJ e produtor musical Manigga, que rendeu o tempero de seu EP e singles, o R&B com forte identidade soteropolitana.
“Tentamos transformar, tirar do americano e transportar para minha identidade, para a identidade dele (Manigga) e deu nesse R&B com Bahia. Essa retomada de tudo tá sendo imensurável, por que nunca imaginei que ia chegar nessa magnitude, eu só fazia minhas músicas no quarto, sentada, sozinha, desabafando com meu violão, e agora tô aqui com um bocado gente cantando minha música, né? Mas tá sendo muito interessante”.
Do Uber para vida

Iuna Falcão
De uma conversa com um motorista de aplicativo, que por acaso era músico, veio a força que Iuna Falcão precisava para produzir arte na pandemia. Não demorou muito para que juntasse uma banda e começasse a circular com sua voz potente, inicialmente com um projeto de covers, mas com lançamentos autorais engatilhados.
“Para mim a música não é uma coisa nova, sempre fui imersa na arte e durante a pandemia eu soube que precisava levar isso para vida.”
A retomada dos eventos traz um novo cenário onde os cuidados sanitários para conter o avanço do coronavírus faz parte do checklist. Os shows pulsantes que movimentam a cena preta independente vieram para mostrar uma nova roupagem da música baiana. As canções cantadas em coro são a comprovação que o público abraça a ideia e anseia por mais experiências como essa.