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Reportagens
19 de outubro de 2021

De cara nova e ocupando o Axé, Guigga inaugura bloco em Salvador

O isolamento social, o reencontro com a família e memórias de infância tem tudo a ver com a primeira vez de um bloco de carnaval e micaretas aportando em Salvador. É por aí mesmo, foi a partir deste período de reconexão que Guigga (antes Achiles) escolheu seu apelido de infância para assinar os seus trabalhos e voltar sua ligação com a banda Me Leva, onde dividiu os vocais com o pai na adolescência e gabaritou micaretas, festas juninas e carnavais do interior da Bahia e pelo Brasil.

Catando na bagagem essas memórias guardadas, Guigga estreia nesta terça-feira, 19, na Arena Sesc-Senac Pelourinho, a partir das 20h, e não chega sozinho. A primeira apresentação terá participação de  Ana Barroso e Coral. No repertório, canções de sua autoria, como “Xylocaína” e “Coisa de Mandinga”, além de músicas de Gilberto Gil, Caetano, Ivete Sangalo, Moraes Moreira e A Cor do Som.

O momento também coincide com o lançamento do videoclipe “Xylocaína”, que teve direção do artista visual Felipe Bezerra, marcando uma nova fase de Guigga. A canção esteve presente no seu primeiro EP solo, “Divino e Ateu” – que lhe rendeu o prêmio de Melhor Intérprete Masculino na categoria Show no Prêmio Caymmi de Música – e recentemente ganhou uma remixagem do DJ Mangaio (OQuadro).

É sobre todo esse processo de voltar pra casa e seguir a caminhada com memórias encontradas que a gente conversou com o artista. Conheça melhor a nova fase de Guigga:

Você fez uma recente busca pelo início de sua carreira, quando passou a infância e adolescência viajando com a banda Me Leva. Como foi essa visita?

Nesse período de pandemia foi muito especial pra todo mundo, né? Tanto para o bem quanto para o mal e, no meu caso, estar em casa me proporcionou revisitar histórias por meio de álbuns de fotografias e de vídeos que minha mãe gravava quando era criança, das minhas apresentações na infância. Foi quando eu me dei conta que esse material é datado lá de 2001 e eu estava celebrando 20 anos esse ano de 2021. Isso é muito importante pois eu consegui entender o início dessa trajetória profissional em termos de carreira, eu iniciei a minha carreira nessa mesma época, então eu entendi que era o momento especial e me veio o desejo de olhar pra esse momento e me posicionar nele novamente, como seria  voltar a cantar suas canções depois de ter percorrido outros espaços. 

Esse interesse por revisitar esses trabalhos aconteceu de uma forma muito espontânea, mas aos poucos eu fui entendendo que era também um material de trabalho para ser veiculado e eu poderia  montar a estratégia de divulgação com esses conteúdos.

E você estava nesse processo também de apresentar o novo  trabalho com a mudança de nome, de como você se apresenta. Como coincidiu esse período? 

O fato de estar muito em casa me fez passar a ouvir mais as pessoas me chamando de Guigga, né? Por que é meu apelido de infância, meu irmão que me chamou assim pela primeira vez, por que não conseguia falar Achiles. Os meus amigos de infância, minha família. as pessoas da banda Me Leva, me chamam de Guigga até hoje, então esse processo de revisitar histórias de infância e de estar dentro de casa me ouvindo ser chamado dessa forma me proporcionou entender que Guigga nesse momento representava mais os caminhos que eu queria tratar como artista. Essa decisão de mudar meu nome artístico veio antes de eu compreender esses primeiros trabalhos que seriam lançados com esse nome, o que foi muito interessante pois eu fui amadurecendo aos poucos essa mudança de como as pessoas iam me enxergar. É uma decisão um pouco incerta, por que a impressão é que parece que eu estava abandonando os trabalhos que tinha feito até aqui, mas na verdade não. É mais um encontro comigo, com a minha história e tem sido muito interessante e não acho que Guigga tenha volta não. 

E visitando essa criança artista que você foi, que ferramentas você encontrou nesse lugar?

As primeiras coisas que começaram a me chamar muito atenção foi o fato de eu ter começado a cantar pras massas em festas populares aqui da da Bahia. E quando me percebi ainda criança cantando no trios elétricos e nos palcos de São João pra muita gente, isso me acionou pra esse momento da minha vida e me fez olhar pra ele com mais cuidado. Durante muito tempo eu tinha vários receios de acessar essas histórias, esses arquivos com o cuidado de não não entender como as pessoas poderiam me perceber como artista passeando por expor espaço tão distintos.

Isso você fala muito por essa questão de em Maracás ocupar um tipo de espaço e em Vitória da Conquista outro? 

Quando eu comecei a cursar Direito na Uesb e conheci Marquinhos (Marcos Marinho, parceiro no duo CAIM), a gente apresentou muito na universidade e passou por alguns projetos ali da prefeitura como “Por Isso É Que Eu Canto” e “Festival de Forró”, “Festival da Juventude”, já na eminencia do que seria o CAIM. Esse espaço era diferente dos que eu vinha cantando quando criança, pois era espaço de um público mais intelectualizado, digamos assim, eram mais universitários, as pessoas do dia a dia da universidade, professores, essa cena é cult de vitória da conquista, digamos assim, ali entre os anos de 2010, 2011 mais ou menos. Então eu entendia que as minhas referências musicais de criança não necessariamente era um bem quistas nesses outros ambientes por que sempre escutei muito nesses espaços um preconceito cultural com aquilo que as pessoas entendem como das massas e o carnaval e o São João e a música que envolve essas festas, aos olhos de pessoas são músicas de menor qualidade do que as músicas que são cantadas em outros espaços, com viés mais político, com uma preocupação técnica enquanto instrumentistas, etc. Então eu me via muito sem saber pra onde ir caminhar necessariamente e esse período foi de muito aprendizado porque, querendo ou não, eu me afastei desses espaços populares que eu cantava e passei a frequentar os ambiente que também me enriquece como artista.

E aí depois desse rolê todo de se reencontrar, de reagrupar, você vai para o palco agora com público, na sua primeira vez em um show depois da chegada da pandemia, e também levando o nome “Me Leva” na bagagem. Como é isso?

Olha só, a banda Me Leva surgiu em 93 e, logo depois em Salvador, o Asa de Águia criou o bloco Me Leva  e permaneceram com ele durante três anos com esse nome, mas foram meio que forçados a mudar de nome porque a banda Me Leva já existia em Maracás com essa nomenclatura. Esse período de transição do bloco Me Leva pro bloco Me Abraça, que foi o bloco que o Asa de Águia liderou depois, teve uma repercussão, uma influência direta nos caminhos da banda daqui do interior. Imagine, a banda do interior conseguiu se impor diante de um bloco com esse na capital.

É um acontecimento, né? No ápice da Axé Music no Brasil…

Exato. E eu ouvi esses dias que o Asa não vai mais realizar o bloco Me Abraça e coincidentemente a gente está agora inaugurando, digamos assim o bloco Me Leva em Salvador nesse período depois da pandemia. Então, para além de toda essa história, tem uma simbologia muito interessante, de uma forma muito espontânea, muito natural assim. E que bom que o Asa  de alguma forma reconheceu a importância da banda Me Leva, né? Agora a gente está revisitando essas histórias e iniciando as atividades do bloco em Salvador, que tem como intuito fazer uma grande festa de carnaval, eu estou muito empolgado porque depois muitos anos., para além da pandemia, eu estou voltando a cantar música da Bahia e aquilo que a gente entende como Axé Music. E poder acessar esse repertório me reconhecendo nesse espaço, fazer show no Pelourinho com essas músicas… eu estou super eufórico, eu acho que a gente vai iniciar um período muito muito bonito  com essas pessoas e esse repertório que está cheio de muitas histórias também.

Escrito por: Rafael Flores

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