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Reportagens
17 de outubro de 2014

A luta por menos stress e melhores condições de trabalho nos bancos

Diretor do sindicato avalia período de greve e mobilização dos bancários

A Constituição Federal, em seu artigo 9º e a Lei nº 7.783/89 asseguram o direito de greve a todo trabalhador brasileiro. No entanto, algumas categorias são mais pressionadas a não exercer o seu direito de mobilização que outras. As que lidam diretamente com serviços básicos como saúde e segurança não conseguem se mobilizar sem causar desconfortos na sociedade.

O caso é parecido com trabalhadores que servem o interesse de grandes empresas detentoras de lucros exorbitantes. Os bancários, por exemplo, além de exercer uma das atividades mais estressantes do mercado de trabalho, sofrem pressões internas e externas altíssimas para que nunca parem de trabalhar.

Assim foi a greve dos bancários em 2014, que durou entre 30 de setembro e 13 de outubro. Além do reajuste salarial, os servidores reivindicaram melhoria nas condições de trabalho através de mais contratação de bancários, fim das metas abusivas e do assédio moral. Segundo o diretor do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região Paulo Barrocas, a negociação final girou mais em torno dos índices salariais do que das condições de trabalho.

Para o diretor as orientações do Comando Nacional dos Bancários dificultaram a continuidade da greve, já que acabou fazendo com que sindicatos de grandes cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, aceitassem a primeira proposta vinda dos bancos. “O Comando, atento a outros interesses que não o da categoria acabou fazendo com que sindicatos de grandes cidades aceitassem a proposta. Isso acabou enfraquecendo e inviabilizando a continuidade da nossa mobilização na região”, explica.

 

Após a greve, os bancários retornaram ao trabalho seguindo a orientação do Comando, mas com o sentimento de que muito mais poderia ter sido conquistado. Entenda melhor abaixo como se desenvolveu o período de greve na região, segundo o diretor Paulo Barrocas:

Participação da categoria

“A participação da categoria foi boa durante a greve, tanto aqui em Conquista quanto na região toda. Nós representamos 45 cidades e fizemos um trabalho intenso de mobilização nas 93 agências, começamos a campanha com reuniões nestas agências para esclarecer à categoria sobre como andavam as condições de trabalho. Assim, essas reuniões serviram como conscientização da categoria para o contexto que a gente vive. A gente entende que a grande participação que tivemos durante o movimento grevista veio da insatisfação que o bancário vive no seu dia-dia, principalmente pelo assédio moral que os bancos praticam para que seus funcionários cumpram as metas.”

Reivindicações

“A gente vê que os bancos cobram tarifas altíssimas dos seus clientes e vem aumentando cada vez mais sua lucratividade. Para vocês terem uma ideia no ano 2000 os bancos, todos juntos, lucravam 10 bilhões de reais, só na metade de 2014 esse número é de 37,3 bilhões com perspectivas de chegar ao fim do ano acima de 60 bilhões de lucro. Então em pouco mais de uma década os bancos aumentaram em pelo menos três vezes sua lucratividade e alegam que não tem como de atender as reivindicações da categoria e aumentar a qualidade das condições de trabalho. Essas reivindicações que também contemplam a clientela dos bancos são: mais contratação de bancários, fim das metas abusivas e o assédio moral.

As metas

“Visando o aumento do lucro, os bancos querem reduzir custos e vender mais seus produtos. Para isso estabelecem metas de vendas. Os bancos vem reestruturando sua atividade produtiva, antes os servições dos bancários se limitavam ao serviço de caixa, financiamento e atendimento ao cliente, desde a década de 90 eles passaram a terceirizar esses serviços. Esta terceirização não é prevista legalmente no país e com ela surge o corte na quantidade de funcionário, não investe em estrutura e não investe em segurança. Hoje pra cada funcionário trabalhando no banco existe 1,2 em postos terceirizados recebendo apenas um salário mínimo pelo seu serviço.”

A pressão

“A gente sabe que tem setores da sociedade que não tem conhecimento de como é desenvolvido o trabalho dentro dos bancos e do quão estressante a atividade vem se tornando. O adoecimento do bancário soma-se ao que falamos sobre essas condições, hoje cerca de 30% dos bancários nos últimos 8 anos em algum momento se afastou do trabalho por doenças ocupacionais graves. Com a terceirização  o bancário vem se tornando mais um vendedor de produtos do que cumprindo sua funções básicas, a pressão psicológica por vendas e por atingimento das metas tem adoecido os bancários. As mínimas que podemos citar são as estomacais, pressão alta, diabetes e as mais graves que acometem a categoria com mais frequencia é a doença psicólogica, a depressão, que de 10 afastamentos, 6 são por doenças psicológicas. Essa questão é muito preocupante devidos essas condições de trabalho.

Existe ainda aquela visão de que o bancário ganha muito, que trabalha só seis horas e que já tá muito bom e não tem do quê reclamar. Isso é uma inverdade, o bancário tem um salário de entrada baixo que não condiz com a lucratividade das empresas e com o serviço tão exigente que estes funcionário devem exercer. Muitas vezes parte da mídia acaba jogando a população contra a categoria, porque não entende essa relação. É preciso que se entenda que o cliente é tão explorado quanto os funcionários, por isso fizemos também uma campanha destinada aos clientes para que eles cobrem dos bancos mais funcionários para que possam ter um melhor atendimento. Existe uma lei do nosso município por exemplo que exige que os clientes sejam atendidos em no máximo 15 minutos e isso não é cumprido, muitas vezes pela falta de condições adequadas de trabalho. Lutamos para que a população entenda que a culpa da greve ter acontecida é única e exclusiva dos bancos, pois passamos mais de dois meses em negociações sem nenhum diálogo. E a greve é o único instrumento que temos e é um direito de todo trabalhador, então temos que usá-la nestes momentos de crise.”

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